A contemporaneidade nos apresenta uma sociedade distante dos conceitos de comunidade de Bauman ou da proposta de sociedade de Norbert. Vivemos sob relações conflituosas que sempre mantêm como plano de fundo interesses econômicos. Recordo as aulas iniciais ao se discutir o que movia um Estado, considerado como potência mundial, a intervir em conflitos externos. Longe de ser a celebração da paz ou a defesa de vidas inocentes.
Posto isso, observamos que as relações se transformam a medida que nos entendemos em processo de desenvolvimento. O Lemos defende bem esse novo mundo, essa cibercultura, que reflete as relações face a face, dar oportunidade de conectividade e voz para as pessoas que antes eram silenciadas. No entanto, não desprezando o quanto a vida humana tem melhorado com esses avanços, Debord nos adverte que podemos estar sendo manipulados pelas oligarquias de países ditos desenvolvidos.
Sem mencionar que se por um lado temos o progresso científico e tecnológico, possibilitado pelo sistema capitalista e a globalização, fatores que se fizeram imprescindíveis na corrida pela formulação da vacina contra a covid-19, por exemplo. Por outro lado, foi o mesmo capitalismo e globalização que potencializaram a propagação em massa e global do SARS-coV-2.
Todavia, o que mais me inquieta é que a leitura de Hobsbawn nos apresenta um século que pouco mudou no que se refere aos interesses políticos e econômicos. São relações de dominação e opressão contra os mais vulneráveis. Na disputa pela sobrevivência uma nação se torna uma coletividade - o que foi a compra de todo um estoque de vacina por único país, em plena pandemia global? O esforço está em se manter potência. E todos os outros países seguem nessa direção do "desenvolvimento".
Na determinação de manter um olhar esperançoso quanto ao que nos espera, vejo na conexão das minorias uma transformação na forma de fazer política, em direção de alcançar mais pessoas, de participação mais efetiva da sociedade. É a força que vejo na Crenshaw, na Sueli Carneiro (algumas entre as mulheres pretas feministas que marcaram o movimento negro).
Mileide Almeida na Universidade Federal do Sul da Bahia
Pensamento Livre!
sábado, 14 de agosto de 2021
Refletindo sobre as questões das Relações Sociais e Políticas na Contemporaneidade
sábado, 7 de agosto de 2021
Parte 2
Desde a Palestra que tivemos com a Prof. Dra. Eliane Gonçalves da Costa¹ que nos falou com propriedade a respeito da temática Interseccionalidade(post anterior)trazendo as suas vivências nesse lugar de mulher preta, fiquei a refletir. E cheguei aqui na Parte 2.
segunda-feira, 2 de agosto de 2021
As violências cruzadas na vida da mulher preta
As relações de poder estabelecidas no processo de colonização se mantêm firmes. Sistemas de espoliação, dominação, exploração e opressão que impuseram o apagamento aos Outros. A interseccionalidade denuncia as violências sofridas pela mulher preta. Vitimada por ser mulher, por ser preta, por ser periférica. E o entendimento dessas violências se dá sob a compreensão do imbricamento de raça, gênero e classe.
quarta-feira, 21 de julho de 2021
A Cibercutura
Um especialista da área de Tecnologia nos diz que o avanço tecnológico tem colaborado para melhorar a vida humana, contrariando as distopias criadas para "o futuro-contemporâneo", André Lemos - Mestre em Política de Ciência e Tecnologia. Nos saímos muito bem (afinal, as máquinas não dominaram a humanidade). Cientes de que a tecnologia é um meio para facilitar a vida, como instrumento, deve estar a nosso serviço, e não, o contrário. Sobretudo, abandonar a percepção salvadora, a tecnologia não é a resposta para todos os problemas do mundo, mas, o caminho.
domingo, 11 de julho de 2021
A Sociedade do espetáculo
Trecho do filme Carnaval (Leandro Neri, 2021).
“(...). Então era preciso ter outras formas de controlar as pessoas. E era de conhecimento expresso que você tinha que dominá-las controlando suas crenças e atitudes. Uma das melhores formas de se controlar as pessoas em termos de atitudes é o que o grande economista político Thorstein Veblen chamou de “fabricar consumidores”. ” (CHOMSKY, 2015).
Numa era ditada pela tecnologia as relações sociais evoluíram para a dimensão virtual criando uma (ir) realidade espetacular. No entanto, esse mundo representado não é restrito a atualidade “recente” e tecnológica, Guy Debord filósofo francês por volta do fim da década de 60 numa crítica ao capitalismo trouxe “A sociedade do espetáculo” na perspectiva do espetáculo como “relação social mediatizada por imagens”.
quarta-feira, 30 de junho de 2021
"Eu" sou sociedade
Fonte: Autor desconhecido. |
"Que tipo de formação é esse, esta “sociedade” que compomos em conjunto, que não foi pretendida ou planejada por nenhum de nós, nem tampouco por todos nós juntos?" (NOBERT, 1994).
As relações entre a sociedade e o indivíduo ou vice-versa são complexas. Esse é o pensamento inicial de Nobert em sua reflexão que foi gerida por cerca de 50 anos. Você está certo de que realmente compreende o conceito de sociedade? E os sentidos dessas relações? Nobert afirma que não.
quinta-feira, 10 de junho de 2021
Divagando sobre a contemporaneidade
Fonte: Wikimedia commons
"Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar."(HOBSBAWN,1995).
A realidade que se apresenta como pronta e definitiva está em processo. A atualidade não se deu ao acaso. É a expressão de fatos passados, de relações de dominação, de racionalidades universalistas, das guerras, das evoluções científicas e tecnológicas, dos movimentos políticos e sociais, etc. E ainda que observemos a história e possamos determinar períodos finalizados, no fim das contas é um processo contínuo interdependente. Guiados pelas perspectivas de historiadores, sociólogos, filósofos, pesquisadores sociais abriremos um espaço para expressar algumas temáticas emergentes na contemporaneidade.
Apresentação
Essa fotografia foi tirada em último quadrimestre de aula presencial 😊, no Componente Curricular de Universidade e Contexto Planetário (Março de 2020), não fazíamos a menor ideia de que entraríamos em uma pandemia, saudosamente publico ela na minha primeira postagem nesse espaço e com esperança de que breve seguiremos com o retorno de nossos encontros regulares.
O lugar Na Universidade Federal do Sul da Bahia será dedicado a exposição de reflexões originadas nas discussões em sala de aula durante meu percurso acadêmico. Traduzindo: essas publicações serão um registro da minha caminhada na busca de esclarecimento. Espero a cada passo ir em direção a minha emancipação, como diria Imannuel Kant. Sem maior ambição, usufruir da possibilidade de questionamento das verdades estabelecidas e acessar a diversidade de conhecimentos.